sábado, 4 de setembro de 2010

PRODUÇÃO PRIMARIA X EFEITO ESTUFA

Meus caros amigos,
Fala-se muito na importância da agricultura no Brasil, no recorde da produção de grãos, aumento de divisas e na ampliação das fronteiras agrícolas.

Por outro lado, somos informados sistematicamente sobre efeito estufa, mostrando sua origem, efeitos e danos ao meio ambiente.
Pois bem, leiam abaixo o estudo elaborado pela EMBRAPA, Órgão Federal pelo qual tenho a maior consideração devida sua seriedade e competência e o estudo da FAO sobre o cultivo de arroz e o efeito estufa na sua produção.

Meu objetivo em publicar estes artigos é gerar dúvidas e fazer as pessaos refletirem:
- como conciliar esta cadeia produtiva de grande importância social, que gera empregos, divisas e alimentos, mas que emite grande quantidade de metano e contribui para o efeito estufa?
- qual a relação produção x efeito estufa outros setores produtivos da sociedade?
- como equacionar produção x efeito estufa?
Leiam e reflitam !!!!!!
Vulnerabilidade da Agricultura
A agricultura é uma atividade altamente dependente de fatores climáticos, como temperatura, pluviosidade, umidade do solo e radiação solar. A mudança climática pode afetar a produção agrícola de várias formas: pela mudança em fatores climáticos, incluindo a frequência e severidade de eventos extremos, pelo aumento da produção devido ao efeito fertilizador de carbono através de maiores concentrações de CO2 atmosférico, pela alteração da intensidade de colheita devido a uma mudança no número de gráus-dia de crescimento, ou modificando a ocorrência e a severidade de pragas e doenças (Shaw, 1997), entre outros efeitos. Estudos baseados em modelos de circulação geral (GCM) têm mostrado que a produtividade de várias culturas tende a diminuir em algumas regiões do globo e aumentar em outras, tal que a produção em áreas tropicais e subtropicais, principalmente na África sub-Saara devido as grandes áreas de clima árido e semi-árido e sua dependência de agricultura, tende a ser mais afetada em relação às regiões temperadas (Jones et al., 1997, CGIAR, 1998).
Contribuição da agricultura para o efeito estufa
Ao mesmo tempo em que se constitui em uma atividade potencialmente influenciável pela mudança do clima, a agricultura também contribui parao efeito estufa com emissões de gases como o metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), óxido nitroso (N2O) e óxidos de nitrogênio (NOx). Estima-se que 20% do incremento anual do forçamento radiativa global é atribuído ao setor agrícola considerando-se o efeito dos gases metano, óxido nitroso e gás carbônico (baseado em IPCC,1996a), excluída a fração correspondente às mudanças do uso da terra relacionadas à atividades agrícolas (15%). O metano e o óxido nitroso são os principais gases emitidos pelo setor agropecuário, contribuindo com 15% e 6%, respectivamente, para o forçamento radiativo global (Cotton & Pielke, 1995).
As fontes agrícolas de gases de efeito estufa são o cultivo de arroz irrigado por inundação, a pecuária, dejetos animais, o uso agrícola dos solos e a queima de resíduos agrícolas. O cultivo de arroz irrigado por inundação, a pecuária doméstica e seus dejetos, assim como a queima de resíduos agrícolas promovem a liberação de metano (CH4) na atmosfera. Estima-se que cerca de 55% das emissões antrópicas de metano provêm da agricultura e pecuária juntas (IPCC, 1995).

Os solos agrícolas, pelo uso de fertilizantes nitrogenados, fixação biológica de nitrogênio, adição de dejetos animais, incorporação de resíduos culturais, entre outros fatores, são responsáveis por significantes emissões de óxido nitroso (N2O). A queima de resíduos agrícolas nos campos liberam, além do metano (CH4), óxido nitroso (N2O), óxidos de nitrogênio (NOx) e monóxido de carbono (CO).


Emissão de Metano em Sistemas de Arroz Irrigado
O cultivo de arroz irrigado por inundação representa uma das principais fontes antrópicas globais de metano (CH4). O metano é um importante gás de efeito estufa e influencia fortemente a fotoquímica da atmosfera. Estima-se que a taxa de emissão global desse gás nos campos de arroz irrigado varie em 20 a 100 Teragramas (média de 60 Tg) por ano, o que corresponde a 16% do total de emissão de todas as fontes (IPCC, 1995).
O CH4 é produzido em solos inundados pelas bactérias estritamente anaeróbias. A drenagem diminui a emissão de CH4 para a atmosfera, pois a aeração do solo inibe a sua produção pelas bactérias metanogênicas. Concomitantemente, ocorre a diminuição de CH4 no solo devido à oxidação aeróbia pelas bactérias metanotróficas. Estudos recentes realizados por vários países têm mostrado a influência de vários fatores ambientais. Fatores como a temperatura, radiação solar, adubação orgânica, biomassa vegetal, tipo de cultivares, disponibilidade de substrato de carbono, tipo de solos, sobre a emissão de metano em campos de arroz inundado constituem alguns dos parâmetros estudados. No Brasil não se encontram ainda disponíveis dados experimentais que mostrem a influência desses fatores sobre a geração de metano, de forma a permitir o estabelecimento de fatores de emissões de metano em áreas cultivadas de arroz inundado, sob diferentes condições regionais e climáticas. Utilizando-se a metodologia de inventariamento de emissões de gases de efeito estufa do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), onde uma taxa média global de emissão de metano proveniente de campos de arroz inundado é recomendada, foram estimadas para o Brasil, em 1994, emissões da ordem de 283 Gg de metano proveniente do cultivo de arroz irrigado (Embrapa, 1998). Nesse ano, as emissões provenientes de cultivo de arroz continuamente inundado somaram 261,08 Gg (92,2%), em regime intermitentemente inundado 0,58 Gg (0,2%) e em regime de várzea 21,38 Gg (7,6%). Somente a região Sul contribuiu com 77,3% do total das emissões em 1994, principalmente, devido ao sistema de manejo de água contínuo de irrigação, o qual potencializa a emissão de metano.
No âmbito brasileiro, o arroz irrigado por inundação é uma cultura de destaque no sul do Brasil, onde ocupa cerca de 1 milhão de hectares, área que fornece aproximadamente 50% da produção nacional do cereal.

Arroz emite 20% do gás metano gerado pela agricultura no mundo
Dados da FAO indicam que a agricultura gera 50% do gás metano jogado na atmosfera. Um quinto do volume é gerado pelas lavouras de arroz

Segundo dados divulgados pela FAO esta semana, devido a contaminação de água pelo uso de fertilizantes e praguicidas e gases, como metano e óxido nitroso, os problemas de meio ambiente atuais devem se intensificar nos próximos 30 anos, mesmo que se estime uma menor utilização de fertilizantes no futuro. Pelo aumento de demanda de produtos orgânicos também haverá uma redução no volume empregado de praguicidas. Ainda assim a agricultura é responsável por metade das emissões dos gases na atualidade. Só os arrozais são responsáveis pela emissão da quinta parte do total de gás metano jogado na atmosfera. O levantamento da FAO também informa que as áreas de cultivo de arroz devem aumentar em 10% no mundo até 2030.

Fontes:

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